O PLANETA E OS PEQUENOS PAGAM A CONTA QUANDO OS GRANDES PROSPERAM E FAZEM A FESTA

20/09/2011 10:49

 

Em solidariedade às Pessoas Atingidas por barragens,  pela Transposição e em homenagem a Frei Luiz Flávio Cappio

Alder Júlio Ferreira Calado

Tombam as matas, a terra está deserta

E a madeira de lei pra onde vai?

“Tanta gente sem terra!” – exclama um pai

“Tanta terra sem gente ” - um outro alerta

“Só queremos justiça, não oferta!”

Na história saída, então, nos resta

Mesmo à custa de luta indigesta

Uma pista certeira nos aponta

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa... 

Ferem a terra, e a deixam esburacada

Em jornada  tão longa, quase eterna

Com o sim serviçal de  quem governa

O que ganham, porém, é quase nada

Empreiteiras enricam na roubada

Ferro, ouro, petróleo extraem desta

Só doença aos pequenos é o que resta

Com penúria o pobre se defronta

O Planeta os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa...

 

Da saúde do rio o que se diz?

Que está afracando sempre mais

Poluído, seu peixe já não traz

Bem conhecem esse mal pela raiz

Os que vivem do rio ora infeliz

Se o envenenam, sua água pra que presta?

Natureza ofendida, então, desconta...

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa. 

Quanta fé no Pré-sal já se alimenta!

Põe-se nele “a” saída pro Brasil

“Ele vai resolver problemas mil”...

“Da pobreza, a Nação será isenta”...

Propaganda enganosa se fomenta

Muito rico é o País – ninguém contesta

Quanto às massas, têm vida bem funesta

A bem pouca riqueza só desponta

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa

Do Pré-sal se promete em vão partilha

Propaganda custosa tem lugar

Parlamento e Governo a divulgar

Que pra todos, enfim, a coisa brilha

Qual padastro falante engana o filhos –

Por que, então, confiar que a coisa presta

Se a partilha do bolo é desonesta?

Ri de nós, o inimigo, e nos afronta

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam  e fazem a festa. 

Vejam o caso da tal Transposição:

Velho Chico agoniza – e tempo faz!

Os que vivem à sua margem não têm paz

Há meio século, e seu grito é em vão

Trinta e cinco por cento da vazão

E o que diz quem da nave está à testa?

Só às multi o Governo atenção presta

E nos pobres o hidro-fúndio monta

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa.

Não à-toa se apega a burguesia

Apoiada no Estado serviçal

A projetos gigantes como tal

Não se importa se o erário se esvazia

Ou que sobre pro Povo essa sangria

Pois a este, migalha é o que resta

O filé vai pra gente desonesta

Num modelo que a Terra e o Homem afronta

O Planeta e os pequenos pagam a conta

Quando os grandes prosperam e fazem a festa.