Desnutrição e Fome no Brasil: sua distribuição regional e grupos de risco
Francisco Menezes
O Mapa da Fome mostrou, em 1993, que o Nordeste continua apresentando índices extremamente elevados de indigência, com todas suas consequências, entre as quais a fome e a desnutrição da população atingida. Índices menos elevados, mas também presentes em outras regiões mostram que o país conserva bolsões de miséria em todo o seu território. Nas zonas mais populosas, como as das áreas metropolitanas no Sudeste, o número de famílias em condição de pobreza extrema é significativo. Contudo, é na área rural que, proporcionalmente, a indigência mostra-se mais severa.
Os índices de mortalidade infantil e na infância e os indicadores de peso e altura de crianças até 5 anos confirmam o que foi demonstrado no Mapa da Fome, apontando o Nordeste brasileiro em uma situação inaceitável, principalmente em sua área rural.
É como existissem dois brasis. Um primeiro, o país do Norte e Nordeste, em condição comparável às nações mais pobres da África e da América Central. E, o país do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, também contendo seus bolsões de pobreza, mas alinhado ao grupo em melhores condições dos países em desenvolvimento.
Se ocorreram melhorias na situação de carência calórica e protéica mostram-se grave a situação nutricional de parte significativa da população brasileira, em termos de deficiências de vitamina A, ferro, iodo e cálcio.
Novo e lamentável é o crescimento da obesidade entre a população adulta, em especial, a feminina. Atingindo estratos mais pobres da população, revela os efeitos generalizados de práticas inadequadas de alimentação e vida, predominantes principalmente nas grandes cidades.
Os contingentes de sem-terras ainda não assentados, pequenos produtores rurais completamente excluídos das políticas agrícolas, comunidades indígenas, população de rua na mendicância e trabalhadores com baixíssima renda ou desempregados, constituem os grupos de risco, nos campos e cidades, submetidos à fome e desnutrição.