Copa 2014 no Brasil – será um bom negócio?
“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons.”
Martin Luther King
Queridos(as) leitores(as), já comentei em colunas anteriores que o futebol é, obviamente, um fator de unidade e construção da identidade nacional. Isso é fato! Agora, com o que tem acontecido nos últimos meses, podemos ter certeza que a Copa FIFA 2014 será um bom negócio para o Brasil? Claro que não, e com quase certeza, não o será.
Em primeiro lugar, se realizar a Copa fosse garantia de inserção mundial os gritos de revolta que ainda ecoam na África do Sul não seriam ouvidos. Por lá a turma está revoltada com a dívida que ficou para ser paga, com os estádios que estão virando elefantes-brancos (apenas um ainda está sendo utilizado para shows e um jogo de rúgbi aqui e acolá), e com a FIFA que agora não quer mais nem saber, e nem pisou mais por lá.
E por aqui? Eu, sinceramente acho que o governo deveria jogar a toalha, mandar às favas todas essas draconianas exigências da FIFA (entidade que já vendeu a alma ao diabo há muito tempo), e que é representada pelo suíço Jerome Valcke na arrogância e prepotência. Além do fato de que se deixou para a undécima hora, já na bacia das almas, a construção de estádios e a preparação da infraestrutura necessária para a realização do evento (o que é uma irresponsabilidade, mas foi muito bem orquestrado para o butim que se quer dar nos cofres públicos). O que foi feito até agora? Nada! Os estádios estão todos no chão, o que mais está adiantado está com pouco mais de 50% das obras concluídas, e o Maracanã em dois anos de obras está com pouco mais de 30% concluído.
Até já sei como vão ser feitas as coisas por esta terra de Santa Cruz. Querem saber? Vamos lá: a) decretam-se férias escolares durante a Copa. Talvez fosse melhor decretar feriado nacional durante toda a Copa, pois assim ficariam nas cidades somente aqueles que iriam para os estádios (se ficarem prontos), e o trânsito, é claro, não ficará engarrafado, como ocorre nos feriados; b) durante a Copa pode-se estabelecer um rodízio; não saem às ruas carros com placas terminando de 0 a 9 (todos!); assim as ruas ficarão propícias ao deslocamento de quem quer ir aos estádios (mais uma vez; se houver mesmo Copa e se os estádios ficarem prontos); c) problemas nos aeroportos? Simples: fecha-se o espaço aéreo do país e somente vôos relacionados ao transporte de delegações e trânsito de turistas podem decolar e aterrissar; e finalmente d) deveriam ser criados (talvez serão, não se sabe), em homenagem à FIFA, o dia nacional da manguaça e o dia nacional da ressaca, pois assim estariam plenamente justificados os grandes esforços da entidade máxima do futebol association em garantir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, coisa que levamos anos, depois de muitas mortes e agressões provocadas por torcedores embriagados, para banir dos estádios brasileiros.
Isso sem contar nas obras sem licitação, o que equivale a entregar o gerenciamento do galinheiro às raposas. O que vos parece? Ainda acha que essa Copa será um bom negócio? Achas ainda que compensa vender o país a essa entidade de valores extremamente duvidosos? De quem você acha que Ricardo Teixeira é amigo? Sim é isso mesmo, Jerôme Valcke, Joseph Blatter, Julio Grondona, João Havelange, da Globo (Teixeira só faltou ser canonizado na reportagem dessa emissora no dia de sua renúncia. Sabem porque não é?)... e por aí vai!
Para finalizar. Se mesmo com tudo isso que comentamos você ainda achar que vale a pena e considere, como Cypher (personagem do filme dos irmãos Wachowski, Matrix), que a ignorância é uma dádiva, lembre-se do que disse o Reverendo Martin Luther King Jr.: ‘o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons’.
Um grande e fraterno abraço para todos(as)! Fiquem com Deus!